A Pressa dos nossos dias / Sinal Fechado

Cada vez mais sentimos que os nossos dias estão curtos demais para a quantidade de tarefas que temos para fazer seja na vida profissional, quanto no campo pessoal. É muito freqüente ouvir as pessoas dizendo que não tem tempo para mais nada, mas pelo que eu percebo é o seguinte, quanto mais coisas você faz, mais você consegue fazer. E quanto menos fazemos, mais difícil fica para começar.

Eu mesmo sofro dessa inércia. Se eu estou no meio de uma atividade é muito difícil me parar, mas se eu estiver parado....... hummmm aí é osso me tirar do lugar!

Essa tal da pressa dos nossos dias é tão absurda que isso tem afetado sim as nossas relações pessoais, com os nossos amigos, familiares, pessoas queridas, que gostaríamos de ver mais, de estar perto, e de nos falar mais. Mas chegamos ao ponto do ridículo que não levantamos mais o telefone para falar uns com os outros, nos mandamos mensagem via internet, até mesmo nas empresas, não nos levantamos para ir até a mesa do outro para falar, usamos e-mail, Messenger ou algo que o valha para falar às vezes com pessoas q estão até no mesmo andar que nós!!!

Sem mesmo perceber acabamos nos distanciando de algumas pessoas, que é bem como diz aí nessa música do Chico, que quando finalmente 2 pessoas que não se vem a muito tempo se encontram por uma coincidência do destino, que mesmo querendo nos ver nem sabemos o que falar, ou como reagir, e ficam no ar as respostas.

Quantas vezes nos mesmos já não nos vimos nessa mesma situação e dizemos: “Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?” E somos evasivos com medo de nos comprometer com mais alguma coisa, com mais alguma pessoa.

Terminamos por vezes essas conversas como se fosse um pedido de desculpas pela nossa omissão, prometendo que isso não se repetisse e tentando reaver as falhas passadas se entrega:

A– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente...
B– Pra semana...
A– O sinal...
B– Eu procuro você...
A– Vai abrir, vai abrir...
B– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
A– Por favor, não esqueça, não esqueça...

Adeus.... Adeus.... Adeus...

Sinal Fechado

Chico Buarque

Composição: Paulinho da Viola

– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E
você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...
Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!